segunda-feira, 29 de outubro de 2007

O CORONEL DROMEDÁRIO CARMELINHO OBTEM ÊXITO NO SEU TRABALHO SUTIL DE INVESTIGAÇÃO E MORRE EM SEGUIDA

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O CORONEL DROMEDÁRIO CARMELINHO
OBTEM ÊXITO NO SEU TRABALHO SUTIL DE INVESTIGAÇÃO
E MORRE EM SEGUIDA

Ilustração Inista de Neli Maria Vieira

(Para Samuel Duarte)

"...acreditava nas armas,principalmente para resolver questões de honra"
Agatha Cristie


O Coronel Dromedário Carmelinho,após eliminar, através dos seus agentes secretos, os comerciantes Albino Seabra, da firma Tesuko Nukuda & Seabra, de Miguel Calmon, Nahum Maliff, de Pilão Arcado e o italiano Gino Scalabronni , recém chegado ao Brasil, instalado em Catinga do Moura, não se dando por satisfeito, após tirr os três fora de circulação, segundo ele, culpados pelos seus prejuízos e morte dos tropeiros Pinininho da Silva Dourado e Teodorico Pindé , em uma emboscada preparada por Resuko Nukuda, um homem vivo, ambicioso, acostumado a safar-se de emboscadas que abandonou Miguel Calmon, logo ao saber da morte do sócio, Albino Seabra numa fazenda ali perto.

O Coronel, velha raposa, não ficando atrás de seu ninguém, quando se tratava de estratégia de guerra, acionou seus homens de confiança, espalhados por várias partes do sertão. Epecialmente entre Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e Pernambuco, onde sabia que Tesuko Nukuda possuía negócios ou gente disposta a lhe dar guarida.

Os espiões do General Dromedário Carmelinho se espalharam rapidamente mundo afora, procurando novas casas comerciais, onde provavelmente o negociante poderia se esconder, disfarçadamente. E assim, colocou três espiões em Miguel Calmon, vigiando dia e noite o momento em que Tesuko Nukuda retirasse a mercadoria da loja, fechada já por seis meses. Até que um dia, ao cair da noite, um caminhão entrou porta a dentro, fechando a imediatamente e retirando-se o caminhão pela madrugadinha, antes do nascer do sol, carregado de mercadorias. O carro não tinha placas e dirigiu-se aa todo vapor para os lados de Minas.

O motorista de um jipe e dois sicários do Coronel colocaram-se na trilha do caminhão. Sempre a distância, como quem nada quer. Os homens do caminhão e os do jipe chegaram a almoçar juntos em um restaurante de beira de estrada, onde um dos jipeiros reconheceu o ajudante do caminhão, antigo empregado da Tesuko Nukuda & Seabra, disfarçado por trás de uma barba grisalha, um enorme chapéu de couro de mateiro e óculos escuros a lhe encobrir os olhos e o deixando mais velho.

O motorista era desconhecido e os cabras do Coronel fizeram que nada tinham a ver com eles e deixaram que os mesmos saíssem primeiro do restaurante e os seguiram de longe, afim de não serem notados. E assim, viajaram por dois dia e duas noites, até chegarem à cidade de Grão Mogol, no Estado de Minas, onde o caminhão fora descarregado em uma loja suntuosa e viram um oriental barbado, tudo indicando tratar-se de Tesuko Nukuda, de óculos escuros, conferindo a mercadoria.

Os homens anotaram o endereço e retornaram à Curiapeba, contando tudo o que viram ao Coronel, que os despachou, com suas missões cumpridas e pagando-lhe os merecidos soldos.

O Coronel Dromedário Carmelinho foi a Brotas de Macaúbas e por lá contratou o matador Bramantino Galego, um sujeito frio, terros do luga, que tinha orgulho em dizer , nas suas poucas conversas, nunca ter errado um tiro. Era capaz de acertar uma bala na boca de uma garrafa.

Tesuko Nukuda, homem de mais ou menos 45 anos. Um metro e sessenta de altura, moreno, de procedência oriental,,ligeiramente gago, possuía uma orelha acabanada.Sinais muito lembrados pelo velho Coronel, a fim de evitar equívocos por parte do seu futuro matador.

Bramantino Galego deveria, após certificar-se da orelha acabanada da vítima, ouvir-lhe a voz e após fazer o serviço, se possível, cortar-lhe a mesma orelha e leva-la como prova do dever cumprido.

Dito e feito. Bramantino, ao chegar a cidade de Graão Mogol, escondeu o seu cavalo numa estrebaria de ponta de rua e foi, como quem nada quer, à loja Nagóia de Minas, onde se interessou por uma capa boiadeira. A princípio, achou-a muito cara e sugeriu ao vendedor consultar seu chefe, a fim de que fizesse um abatimento. Se aceitasse, poderia levar outras mercadorias. O vendedor foi consultar o patrão, que um tanto desconfiado, foi falar com Brmantino, que ao nota a orelha acabanada do homem, não teve dúvidas : tratava-se de Tesuko Nukuda em carne e osso. Esse foi logo dizendo, com palavras gaguejadas, não poder fazer todo aquele desconto pedido, mas se o a homem levasse outros produtos, quem sabe, surgisse probabilidade de negócios.

Bramantino Galego, além da capa, escolheu um chapelão de couro, um par de botas, um par de esporas chilenas, um cantil e, por fim , pediu para ver uma garrucha exposta na vitrine. Mandou somar a conta e na hora de pagar, com Tesuko Nukuda a sorrir e a presentear-lhe com uma caixa de balas, ao abaixar para apanhar o lápis caído no chão, recebeu três tiros o primeiro atingindo-lhe o coração,o segundo a cabeça e o último a boca. O homem esvaia-se em sangue, enquanto seus funcionários,desesperados, aos gritos, e trombando uns nos outros , desapareciam pelas portas dos fundos. Bramantino, friamente decepa-lhe a orelha, limpa a faca suja de sangue em um fardo de tecidos, acende um Yolanda Azul, sopra a fumaça de encontro ao céu e deixa o lugar do crime, bem como as mercadorias em cima do balcão. Esgueira-se de mansinho, como sede nada soubesse, por um beco pré-consultado, que o levaria até ao seu cavalo, de onde saiu a galopar em direção á estrada principal.

Prevendo a fúria da polícia, escondeu-se no mato, deixando a poeira baixar e depois, monta na sua alimária e abandona a região por veredas e caminhos ínvios do sertão,onde nunca seria avistado pelos policiais.

Depois de atravessar algumas vilas, fazendas, fazendas, matas, serrados e carrascais, entre Minas Gerais e Bahia, trocar por duas vezes de montaria, chegou à Curiapeba, logo se dirigindo à fazenda Ouricuri do Norte, onde o velho Coronel Dromedário, em pleno meio-dia, à sombra da sua casa-casa do engenho Trepiá, refestelado na sua cadeira de balanço, após lauto almoço, ao ser anunciada a presença de Bramantino, muito alegre, se preparou para recebe-lo em alto estilo, juntamente com as novas que este traia a respeito de Tesuko Nukuda. Na hora da no notícia,sentiu uma leve pontada no peito. Mas como nunca tinha sentido nada de grave durante os seus 88 anos bem vividos, não deu a mínima importância ao leve mal estar e ao avistar-se com o matador, foi logo perguntando, com euforia :

- Então, seu Bamantino, o que me contas de novo. Foi tudo bem,como esperávamos ?...

Bramantino friamente mete a mão no bolso do paletó, puxa um pacotinho e entrega o ao Coronel, que ao abri-lo deparou-se com a orelha troncha de Tesuko Nukuda, seca, desidratada, parecendo uma castanha de caju. O velho olha o matador com um sorriso aparvalhado e diz com voz pastosa e um início de tosse :

- Seu Bramantino Gaalego, você é um danado e está de parabéns por isso !... Gostei de sua eficiência e, como lhe prometi, serás bem recompensado por tanto. Ouviu, meu rapaz ?...

Nisso espicha as canelas compridas, geme, põe a mão direita em cima do peito,tomba a cabeça pesadamente no espaldar da espreguiçadeira e solta o último suspiro,entregando a alma ao Criador e deixando os familiares em polvorosa.

Toca Filosófica, 28/08/2007

2 comentários:

Efigênia Coutinho ( Mallemont ) disse...

Estórias de CURIAPEBA

Belo trabalho cultural, voltarei outras vezes para ler, com admiração,
Efigênia Coutinho
http://efigeniacoutinhopoesias.blogspot.com/

Unknown disse...

ALERTA AOS LEITORES, AMIGOS E AFETOS DE:
ARISTIDES THEODORO
No triste, bizarro, patético e infeliz atentado de relacionar o Escritor e Poeta Aristides Theodoro (já com 13 obras editadas) e um ícone expoente em integridade e inteligência de singular caráter.
Bem como, cidadão, morador, conhecido e reconhecido em Mauá, onde reside e, das seis cidades que compõem o grande ABCDR e Rio Grande da Serra e da grande São Paulo, bem como, de muitos, que respiram a expectativa de lerem, relerem suas obras já escritas e de suas futuras.
Alguém, com certo sentimento xiita que traz em seus desejos que o mundo se transforme numa faixa de Gaza. E que, com seus atos de vingança gratuita, merece os refletores apagados da vergonhosa treva, do verme canalhada da hipocrisia promíscua, do acento no banco dos réus do machismo, da manipulação ordinária e do preconceito intrínseco e flagrante em suas sorrateiras ações que a inveja e o ciúme alimenta.
Esse ser que vive em razão de perseguir e tentar, inutilmente, ofuscar a paz e a missão agraciada por Deus de Aristides Theodoro.
Aquele que destrói e que vegeta á sombra da covardia e que no interior de sua doentia tentativa natimorta de convencer aos que respiram as escritas de Theodoro, negligenciando a inteligência e capacidade de analise de muitos, que Aristides jaz no campo da inverdade, falência financeira, como se o dinheiro alimentasse o âmago desse poeta de cinqüenta anos de produção de beleza emocional e literária.
Claro que não vamos aqui declinar o nome da já declinada criatura. Óbvio que não vamos nominar o inominável senil. Mas temos, como servidores voluntários que o somos, daquilo que chamamos de dignidade e simpáticos para com aquilo que emana da verdade e da semente do belo. Advogar a favor da causa chamada e clamada por muitos de... Aristides Theodoro.
Até por que como já diz a máxima das máximas em relação à sociologia antropológica, acadêmica, espiritual e secular...
“Cada um fala, faz e dá daquilo que seu coração esta cheio”.
Aristides Theodoro... É em nome de sua obra e de tudo que a mesma nos alimenta de esperança, graça, prazer, ensinamento e aprendizado que lhe eternizara nas florestas, oceanos e céus de maravilhas letradas. Que te pedimos, perdoe imperdoável e infeliz que não consegue viver sem aceitar teu merecido sucesso.
Cecél Garcia